Na Bahia, a descarbonização do trio elétrico de Ivete Sangalo é meta de parceria com a Serena Energia, líder em energia solar e eólica. Em São Paulo, Ambev vai permitir a troca de latas de cerveja por água potável no Parque do Ibirapuera e, no Rio, Viradouro terá ferro velho em suas alegorias
Desfile de trios elétricos sem emissão de carbono e latinhas de cerveja que podem ser trocadas por água potável são iniciativas que demostram que esse ano o carnaval não vai ser igual àquele que passou. Com o uso de tecidos reaproveitados e alegorias produzidas com matérias-primas reutilizadas, as iniciativas produzem diversão responsável e uma moda carnavalesca cada vez mais sustentável.
Em Salvador, Ivete Sangalo fará um desfile descarbonizado. Em parceria com a Serena, líder em energia digital, solar e eólica e desenvolvedora de tecnologias sustentáveis, a cantora vai compensar a emissão de carbono dos trios elétricos e carros de apoio dos seus blocos durante cinco dias por meio dos créditos de carbono gerados por projetos de energia eólica sustentável.
“A descarbonização desse evento traz prosperidade para o carnaval da Ivete em Salvador e para todos que estão aproveitando essa festa”, ressalta Cicero Lima, diretor de Vendas e Marketing da Serena, empresa que investiu R$ 2,6 bilhões na Bahia em 2023.
Para o Integridade ESG, o diretor avaliou que “essa parceria entre Serena e Ivete Sangalo mostra que estamos vivendo em um novo tempo, um tempo de colaboração, em que a força de muitos é aquela que transforma de verdade, com um olhar focado nas práticas sustentáveis”.
A Serena, que tem como propósito produzir energia limpa e acessível para todos os consumidores, pretende, com essa iniciativa, mostrar como a sustentabilidade pode ser praticada por todos nós, inclusive nos momentos de festas, como na folia carnavalesca, fortalecendo o espírito de comunidade.
“Esse olhar já é uma realidade e, mais do que isso, uma urgência, e dentro desse planejamento, todas as iniciativas são muito bem-vindas. Além de ser uma coisa importante do ponto de vista de sustentabilidade, é uma forma de mudar comportamentos também, isso é uma inspiração”, enfatiza Ivete Sangalo.
A ação neutraliza o carbono emitido pelo Trio Pipoca, no Circuito Osmar, no Campo Grande, e pelo bloco Coruja, um dos mais tradicionais da Bahia, que sairá no circuito Barra-Ondina. Os desfiles descarbonizados e comandados por Ivete acontecem de 8 a 13 de fevereiro.
Ambev estimula a hidratação de foliões por meio da Água AMA
Em São Paulo, a Água AMA, da Ambev, vai distribuir mais de 10 mil litros de água na troca por latas vazias de bebidas alcoólicas. A expectativa da empresa é coletar mais de 20 mil latas, que serão destinadas a cooperativas de catadores em parceria com a startup Solos.
A água será distribuída pela Kombi Água AMA, no Parque do Ibirapuera, para que os foliões aproveitem a festa com mais moderação e se mantenham hidratados nos circuitos. A ação também contribui com o meio ambiente e o ecossistema de catadores e ambulantes.
“Dentro e fora da companhia, compartilhamos da premissa de que, com o nosso tamanho, conseguimos impulsionar muita gente para frente e o que carnaval é um grande exemplo disso. Nosso objetivo durante esse período é promover uma festa cada vez mais sustentável e gerar impacto positivo para todo o nosso ecossistema”, destaca Rodrigo Moccia, diretor de Relações Institucionais da Ambev, para o Integridade ESG.
A ação de AMA reforça as iniciativas da empresa de consumo responsável e permeia o movimento focado em moderação e sustentabilidade, segundo o diretor, acrescentando que essa é uma iniciativa 360 graus, pensada em todas as pontas da cadeia envolvida no carnaval.
A Água AMA, primeiro produto social da Ambev, prevê ampliar o acesso à água potável a quem não tem, destinando 100% do lucro da marca para projetos sociais que fomentam o acesso à água de qualidade. A AMA já beneficiou 630 mil pessoas nos primeiros cinco anos do projeto e espera alcançar 1 milhão de pessoas até 2025.
Carnavalesco da Viradouro inova com ferro velho em alegoria sobre vodum do elemento ferro
Um dos destaques do carnaval sustentável no Rio de Janeiro está no enredo “Arroboboi, Dangbé”, dedicado à energia do culto ao vodum serpente, da Unidos do Viradouro. A escola de samba de Niterói (RJ) levavá para a Sapucaí um carnaval preocupado com a sustentabilidade. A escola reutiliza materiais de desfiles anteriores em todas as alas, dando nova roupagem e cores a penas artificiais, tecidos reciclados e estruturas de arames, de acordo com o carnavalesco da agremiação, Tarcísio Zanon.
A alegoria 4, “Ludovina de Gu Rainha e a formação dos terreiros Jeje na Bahia”, foi concebida com essa consciência ecológica aliada ao conceito que simboliza o enredo.
“Nessa alegoria foram utilizados ferros velhos, que geralmente são descartados. O material foi utilizado para compor o enredo, que traz a história da mãe de santo Ludovina e seu vodum Gu Rainha, que tem o ferro como elemento. Dessa forma, alieiarte, conceito e reciclagem”, disse o carnavalesco ao Integridade ESG, enfatizando que foi uma agradável coincidência poder unir o elemento do vodum à reciclagem.
O carnaval de rua também é abençoado pelo cuidado com a sustentabilidade. O trabalho do artesão Antenor Alves da Silva é um desses exemplos. Instalado no bairro do Catumbi, no Rio de Janeiro, usa peças reutilizáveis para representar o enredo do Multibloco, que relembra os anos 1990 em desfiles da Lapa e em Niterói durante o carnaval. O bloco leva nas principais cabeças do desfile adereços criados a partir de fitas cassete e CDs. Em cima do trio, a maestrina Taís Bezerra vai exibir, ao lado de outros músicos, a arte sustentável de Antenor Alves.
Fantasias e adereços produzidos com material reciclável reduzem impacto ambiental
“Para realizar um desfile mais sustentável, é primordial escolher materiais e práticas que respeitem o meio ambiente. A utilização de materiais reciclados na confecção de fantasias e adereços, assim como a incorporação de tecnologias eco-friendly nos carros alegóricos, são medidas cruciais”, avaliaa influencer Manu Mendes.
Segundo ela, que tem mais de um milhão de seguidores nas redes, fora da avenida do samba, optar por materiais recicláveis, como papelão, tecidos orgânicos ou reaproveitados para desenvolver fantasias é uma maneira efetiva de minimizar o impacto ambiental.
“Além disso, explorar brechós e plataformas online de materiais sustentáveis pode ser uma alternativa para adquirir itens para a fantasia. A criatividade desempenha um papel crucial nesse processo, que pode resultar em fantasias únicas e amigas do meio ambiente”, defende.
Paralelamente aos esforços para tornar a maior festa do país mais sustentável, a Comlurb, que recolhe lixo no Rio de Janeiro, cede o Galpão das Artes Urbanas da Companhia para o bloco Vagalume O Verde criar suas fantasias e adereços a partir do reaproveitamento das peças já usadas nos desfiles. O bloco promove também oficinas gratuitas para ensinar ao público como reaproveitar esses materiais nos eventos carnavalescos.
